domingo, 26 de setembro de 2010

Gravidez na Adolescência

Algumas meninas engravidam na idade em que outras ainda brincam de bonecas. No inicio é um choque para a adolescente pois ela esta passando por uma fase de transição em busca de sua própria identidade.
Perguntas elementares como "quem sou?", "o que estou fazendo aqui?", "qual vai ser meu papel nesse mundo", ainda estão sem respostas e ela se depara tendo que enfrentar uma gravidez que atropela se desenvolvimento e a obriga também a buscar sua identidade como mãe.
As adolescentes grávidas vivenciam dois tipos de problemas emocionais: um pela perda de seu corpo infantil, e outro por um corpo adolescente recém-adquirido, que está se modificando novamente pela gravidez. Estas transformações corporais rapidamente ocorridas, de um corpo em formação para o de uma mulher grávida, são vividas muitas vezes com certo espanto pelas adolescentes.
Por isso é muito importante a aceitação e o apoio quanto às mudanças que estão ocorrendo, por parte do companheiro, dos familiares, dos amigos e principalmente pelos pais.
A escola muitas vezes não dispõe de estrutura adequada para acolher uma adolescente grávida. O resultado é que a menina acaba abandonando os estudos durante a gestação, ou após o nascimento da criança, trazendo conseqüências gravíssimas para o seu futuro profissional.
A adolescente grávida enfrenta várias dificuldades:
Dificuldade na relação com os pais pelo surgimento da gravidez; algum desapontamento, culpas e acusações que poderão ocorrer quando da chegada da notícia ou permanecer ainda por mais tempo;

Dificuldade na relação consigo própria pela "necessidade" de integrar a gravidez e a expectativa da maternidade nos seus projetos e interesses de adolescente;
Receio de possíveis alterações no relacionamento com o seu namorado;
Dificuldade em conseguir gerir a relação com o seu grupo de amigos;
Dificuldade em encontrar um espaço onde se sinta confortável para falar sobre os seus medos e dúvidas face à situação vivida .
Se a família e as pessoas mais próximas da adolescente que engravida, forem capazes de acolher o novo fato com compreensão, harmonia e respeito, a gravidez tem maior possibilidade de ser levada a termo sem grandes transtornos e até de uma forma gratificante.

A jovem deverá ser apoiada na tomada de decisões de um modo coerente, consciente e realista. O bem estar afetivo é muito importante para a jovem grávida e para seu bebê, e uma vez que a gravidez se faz a dois também o jovem pai deve ser ouvido na tomada de decisão. É importante também criar condições para a expressão de sentimento em relação a si própria e à sua gravidez. A adolescente tem necessidade de exprimir e partilhar sentimentos sem se sentir julgada, ser entendida pelos outros e sobretudo ter uma base de conhecimentos que lhe permita viver a maternidade e aceitar as mudanças corporais que são inerentes ao seu estado. Pra além disso, deverá ser conduzida à compreensão da gravidez inserida num programa de cuidados pré-natais adequados.

A gravidez na adolescência é, portanto, um problema que deve ser levado muito a sério e que não deve ser subestimado nem por adolescentes, nem por educadores e professores. O rapaz e a rapariga devem ser estimulados a pensar e a viver a sexualidade, não só como uma maneira de sentir prazer com as suas novas capacidades reprodutivas e sexuais, mas também acompanhadas de um conjunto de responsabilidades perante si e perante a sociedade em geral.
É possível continuar a sair com o grupo de amigos e a namorar, mas de forma diferente. A gravidez não torna os adolescentes adultos de uma hora para a outra e deve ser evitada e planeada.

Reação da Família:


Quando a adolescente engravida é sempre um choque. Pai e mãe consideram a filha ainda uma menina que há pouco tempo deixou de brincar de bonecas e também estão aprendendo a lidar com sua adolescência, mais acima de tudo são pais e acabam aceitando o fato. Parece que as mães têm mais facilidade para enfrentar a situação talvez porque muitas também engravidaram na adolescência. Na verdade, mais ou menos metade das mães passou por essa experiência o que torna o problema menos complicado para as filhas: "Minha mãe tinha 13 ou 14 anos quando eu nasci, por isso não vai poder falar nada". Para o pai o choque é maior, mais ele acaba se habituando com a idéia.

Reação do Parceiro:

No passado, o menino que engravidava a namorada tinha que casar com ela porque era ameaçado de morte se não fizesse. Hoje, esse tipo de cobrança parece ter-se esgarçado no tecido social.
Essa responsabilidade de casamento deixou de existir na grande maioria dos casos, mesmo porque a sociedade assumiu uma postura mais liberal em relação ao fato.No entanto, o que percebemos é que os meninos muitas vezes gostam da gravidez de suas companheiras porque isso representa uma maneira de firmar a própria masculinidade. Eles também estão atravessando uma fase de transição, de busca da identidade e, de uma forma ou outra, a gravidez da companheira é prova de que são realmente homens.

Por outro lado, o adolescente vê na gravidez da garota uma maneira de perpetuar a família. Engraçado, o menino se preocupa com isso e soma a essa idéia de continuidade da família a sensação de estar criando algo próprio, que é dele mesmo.Então, na maioria das vezes, eles acabam assumindo essa gestação. Assumir não significa morar junto na mesma casa, embora isso possa acontecer. Não são raros os casos de adolescentes que acabam se unindo ao companheiro durante o pré-natal. Não se casam necessariamente no papel, mas mudam o estado matrimonial e passam a constituir uma família.

Tiago Effting

Nenhum comentário:

Postar um comentário